História

Qual era o mascote do Palmeiras antes do porco?

O mascote do Palmeiras, uma das equipes mais emblemáticas do futebol brasileiro, carrega consigo uma rica história não apenas nos campos, mas também nos símbolos que representam sua identidade.

Antes de adotar o carismático Porco como mascote oficial, o clube teve um símbolo menos conhecido, o Periquito. Nesta jornada pelo passado alviverde, exploraremos o contexto histórico, os motivos por trás da mudança e como o Porco se tornou não apenas um mascote, mas um símbolo de orgulho para os palmeirenses.

O Periquito: As Raízes do Passado Verde no mascote do Palmeiras

Até 1917, o Palmeiras era conhecido como Palestra Itália e, nesse ano, uma mudança significativa ocorreu. O clube adotou o uniforme completamente verde, estabelecendo uma ligação com o Periquito.

Essa ave, típica da Mata Atlântica, era abundante nos bosques do Parque Antártica, o antigo estádio e sede administrativa do clube. Assim, o Periquito tornou-se o primeiro mascote oficial do Verdão, representando a fauna local e a identidade palmeirense.

A Guerra e a Transformação: Periquito e a Mudança para o mascote do Palmeiras

Os anos 1940 trouxeram desafios significativos para o Brasil com sua participação na Segunda Guerra Mundial. Sanções foram impostas às comunidades italiana, alemã e japonesa no país.

Em meio a essas mudanças, o clube, tradicionalmente associado à colônia italiana, teve que abandonar o nome Palestra Itália e adotar Sociedade Esportiva Palmeiras.

Nesse período, o Periquito ganhou ainda mais importância. Em um esforço para se dissociar da imagem do eixo fascista de Benito Mussolini, o clube abraçou a ave como símbolo, enfatizando as raízes brasileiras.

O Periquito, característico da Mata Atlântica, tornou-se um emblema do compromisso do Palmeiras em “saber ser brasileiro”, como destacado no hino do clube.

O Surgimento da Expressão “Porco”: Uma Virada Histórica para o mascote do Palmeiras

Entretanto, a história do Porco como mascote oficial começou a se desenhar nos anos 1980, marcando uma virada histórica para o clube. João Roberto Gobbato, diretor de marketing do Palmeiras, liderou uma iniciativa para ressignificar a expressão “Porco”.

Originalmente usada de forma pejorativa por torcidas adversárias, a palavra tornou-se motivo de orgulho para os palmeirenses.

O termo “Porco” era uma alusão à caricatura do italiano como “rude, carcamano, mal educado”. Em 1986, durante uma partida contra o Santos, a torcida palmeirense adotou o canto “E dá-lhe Porco, e dá-lhe Porco, olê, olê, olê!” como resposta às ofensas.

Essa foi uma virada significativa, transformando a vergonha inicial em um símbolo de resistência e orgulho.

A Capa da Revista Placar: Porco como Símbolo Palmeirense

O ano de 1986 foi crucial não apenas pelas manifestações da torcida, mas também pela capa da Revista Placar. Jorginho Putinatti, ícone daquela geração, foi retratado segurando um porco na capa da revista. Essa imagem repercutiu por todo o país, solidificando ainda mais o Porco como um símbolo palmeirense.

O “Espírito de Porco” de 1969: Vergonha Transformada em Lição

Em 1969, o Palmeiras viveu um dos momentos mais vergonhosos de sua história. Dois jogadores do rival Corinthians, Lidu e Eduardo, perderam a vida em um acidente de trânsito.

A solicitação do Corinthians para inscrever dois atletas suplentes em meio à tragédia foi aceita por todos os clubes paulistas, exceto o Palmeiras. A diretoria alviverde foi rotulada como “espírito de porco”, refletindo a falta de espírito esportivo e humanidade.

Ao longo dos anos seguintes, o termo “Porco” foi usado pelos rivais para insultar o Palmeiras, especialmente após o Campeonato Paulista de 1976.

Mesmo com uma vitória por 2×1 sobre o Corinthians, a pequena torcida alvinegra conseguiu ridicularizar a conquista palmeirense com uma faixa “Porcão 1976”. Esse episódio marcou a torcida, que se sentiu fortemente atingida pelas ofensas.

A Adoção Oficial e a Ressignificação do Porco para mascote do Palmeiras

Em 1986, João Roberto Gobbato iniciou uma campanha para adotar oficialmente o Porco como mascote do Palmeiras. A torcida abraçou a ideia, e o canto “Olê Porco, Da-lhe Porco” tornou-se uma resposta orgulhosa aos insultos rivais. E

ssa iniciativa não apenas ressignificou o termo “Porco” como algo positivo, mas também exorcizou o fantasma de 1969.

Hoje, o Porco não é apenas um mascote; é um símbolo de superação, orgulho e resiliência para a torcida palmeirense. O Porco representa a capacidade de transformar a vergonha em lição, a resistência contra as adversidades e a aceitação das próprias imperfeições.

O Porco Hoje: Orgulho, Lição e Identidade

Ao adotar o Porco como mascote oficial em 2016, o Palmeiras reconheceu a importância desse símbolo na construção de sua identidade.

Os dois mascotes, Periquito e Porco, agora animam a torcida no estádio, representando não apenas a fauna local e a resistência histórica, mas também a capacidade de transformar adversidades em força.

O Porco é mais do que apenas um animal sujo; é um lembrete poderoso da história do Palmeiras, das lutas enfrentadas e das vitórias conquistadas. Orgulhar-se do Porco é aceitar e celebrar todas as facetas da jornada alviverde, desde os dias de Palestra Itália até os triunfos atuais.

A Jornada Completa do Palmeiras, de Periquito a Porco no mascote do Palmeiras

A história dos mascotes do Palmeiras é uma narrativa rica e complexa que reflete não apenas a evolução do clube, mas também a capacidade de uma comunidade de transformar símbolos negativos em fontes de orgulho.

Do Periquito inicial, simbolizando as raízes brasileiras em tempos de guerra, ao Porco adotado como resposta a insultos, a jornada do Palmeiras é uma representação vívida da resiliência e da identidade do futebol brasileiro.

O Porco não é apenas um mascote; é um testemunho do poder de uma comunidade apaixonada em moldar sua própria narrativa e encontrar orgulho nas páginas muitas vezes desafiadoras da história.

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